Sejam Bem-vindos!

Este blog foi criado para que possamos partilhar textos, atividades, eventos, fotos, curiosidades, e coisas legais que fazem parte do nosso cotidiano como educadores e acima de tudo gente!
Sejam todos bem vindos!

domingo, 21 de março de 2010

Quem é o aluno da EJA?

Fonte: Apostila IESDE
"Agora o senhor chega e pergunta: "Ciço, o que é Educação?" Tá certo. Tá bom. O que eu penso, eu digo. Então veja, o senhor fala: "Educação", daí eu falo: "Educação". A palavra é a mesma, não é? A pronúncia, eu quero dizer. É uma só. "Educação". Mas então eu pergunto pro senhor: "É a mesma coisa? É do mesmo que a gente fala quando diz essa palavra?" Aí eu digo: "Não". Eu digo pro senhor desse jeito: "Não, não é". Eu penso que não."
Antonio Cícero de Souza (aluno EJA).
Um dos maiores questionamentos dos professores que passam a atuar em classes de alfabetização de Educação de Jovens e Adultos (EJA) é, sem dúvida, o seguinte: o que há de diferente nessa modalidade da Educação Básica? Talvez a resposta completa para essa questão seja: o público. Quando falamos em Educação de Jovens e Adultos, estamos nos referindo a um sujeito específico, e é justamente sua caracterização que estabelece as bases para se pensar um jeito de fazer educação diferente dos modelos convencionalmente adotados pelo ensino "regular". Essa reflexão sobre os sujeitos que envolvem o processo educativo na EJA (os educandos e os educadores) torna-se, portanto, um tema fundamental a ser debatido em qualquer instância de atuação nessa área.

Em uma tentativa de caracterização ampla, podemos dizer que os alunos da EJA representam uma grande parcela da população brasileira que não teve acesso ao direito básico constitucional de frequentar a escola no tempo previsto pela lei (7 a 14 anos). De acordo com o Censo de 2000, esse público abrange mais de 70 milhões de pessoas, com mais de 15 anos, que ainda não concluiram o Ensino Fundamental.

Se quisermos fazer um recorte mais preciso desse universo, para uma maior clareza sobre a situação da alfabetização, veremos que 20 milhões de brasileiros acima de 15 anos podem ser considerados analfabetos absolutos, ou seja, ainda se encontram em uma fase bem elementar de contato com código escrito; e mais de 30 milhões são computados pelo Censo como analfabetos funcionais, pois apesar de, em algum momento da vida, já terem passado pela escola, ainda não consolidaram seu processo de alfabetização.

Esses números nos mostram a dimensão da Educação de Jovens e Adultos em nossos dias. Porém, não é apenas pela negação do direito a uma escolaridade básica que se reconhecem os alunos da EJA. Eles têm um rosto, uma história e um lugar bem situado na sociedade.

Se sairmos das simples estatísticas e chegarmos um pouco mais perto das classes da EJA, veremos que estamos falando do cidadão brasileiro radicado em comunidades rurais longínquas nas quais a carência não é só de educação, mas de muitos outros direitos básicos, como: água, luz, moradia, entre outros.

Agora, o senhor chega e diz: "Ciço, e uma Educação dum outro jeito? Um saber pro povo do mundo como ele é?" Esse eu queria ver explicado. O senhor lá: " Eu tô falando duma Educação pro povo mesmo, um tipo duma Educação dele, assim, assim." Essa eu queria saber como é. Tem? (Antonio Cícero de Souza)

Nenhum comentário:

Postar um comentário